quarta-feira, 25 de maio de 2011

COMPARAÇÃO DO MODELO ATUAL DE EDUCAÇÃO COM O DE 40 ANOS ATRÁS

Discorrer sobre educação, nesses últimos 40 anos, de forma objetiva seria dizer de forma simplória, que houve um retrocesso no fator qualidade, quer no ensino público ou no privado. Mas devemos nos atentar para as circunstâncias históricas, políticas e também aos interesses singulares que provocaram esse declínio na qualidade de preparação do educando.
Até meados dos anos 70, a educação era extremamente elitista e excludente. De forma geral o espaço para o filho do trabalhador era restrito, agravado com a necessidade de optar pelo trabalho para ajudar o sustento familiar, principalmente na população rural, onde o êxodo escolar durante as safras eram constantes, chegando ao cúmulo de algumas cidades proporem que as férias escolares coincidissem com as colheitas, acentuando ainda mais o trabalho infantil.
Os conteúdos programáticos das escolas estavam aquém da realidade brasileira, a famosa redação:  “MINHAS FÉRIAS NA FAZENDA DA VOVÓ”, demonstrando claramente o divisor de águas das classes sociais.
Durante o período da ditadura militar, a exemplo do período VARGAS, a educação pública foi usada como instrumento panfletário de doutrinação ideológica, com a inserção  curricular de matérias como Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do Brasil (OSPB)  dando maior publicidade ao ufanismo brasileiro.
O ensino fundamental já com o sistema seriado, da primeira a oitava série, com qualidade rebaixada, proporcionava um ensino médio não adequado para o aluno ingressar nas universidades públicas. Para atender essa demanda massificada a alternativa foi à proliferação de faculdades particulares, as chamadas “CAÇA-NÍQUEIS”, que não oferecem profissionais qualificados para o mercado.
É importante salientar que no Estado de São Paulo, nessas últimas décadas, por culpa exclusiva de seus governantes, o ensino público vem decaindo de forma vertiginosa na qualidade, ficando atrás de muitos Estados da federação de pouca expressão econômica, provocando a formação de “ GENOCÍDIO CULTURAL”,  que irá fortalecer a degeneração da sociedade devido a falta de investimento significativos, porque para os que administram esse Estado, a educação significa gasto e não investimento e não é tratada como prioridade política. Tanto é que a LEI DE DIRETRIZES E BASE (LDB)  para educação preconiza a obrigatoriedade do ensino de forma integral, diversificada e que atenda as necessidades para o acesso ao conhecimento do aluno, até hoje não sendo implementada, e algumas tênues tentativas nesse aspecto também foram falhas.
Podemos também considerar que enquanto a educação das décadas passadas tinha como objetivo colocar o aluno na universidade, pelo seu caráter social elitista, a educação atual ficou no meio do caminho, não preparando o aluno para o ensino superior e também não o habilitando corretamente para o mercado de trabalho de forma adequada.
A solução para esse impasse não será resolvido com projetos mirabolantes e descontínuos de governantes de plantão, mas sim através de uma política educacional de forma séria, competente e principalmente com a valorização do educador, oferecendo salários dignos e boas condições de trabalho, com segurança em todos os aspectos.

 Texto  PAULO CESAR MOURA –  
  Professor, formado em direito, estudos sociais e história